Segundo Pastor Murback, "Registro: Breve Histórico!" Remonta a história de Registro e que ela é recente em relação aos outros municípios do Vale do Ribeira, como Cananéia e Iguape que remontam aos séculos XVI e XVII.
O nome “Registro” tem suas origens no chamado “Porto do Registro” local onde se fazia o registro e a coleta de impostos do ouro extraído em Xiririca (atual Eldorado Paulista) ou Iporanga antes que ele chegasse a Iguape através do Rio Ribeira.
O nome da cidade tem origem na exploração do ouro, no Vale do Ribeira no tempo do Brasil – Colônia.
No final do século XVII e começo do século XVIII, quando nos sertões de Iguape e Eldorado Paulista (Na época Yguape e Xiririca), centenas de aventureiros se dedicavam a mineração do ouro nos rios e córregos da região, as autoridades decidiram instalar à margem direita do Rio Ribeira de Iguape um local apropriado, um posto de registro do precioso metal e a famosa casa do Fisco “(Pedroso, 1997, p.14)
Muitos estudiosos creditam à casa do fisco a responsabilidade de Registro ter se mantido como um simples e pequeno povoado não se desenvolvendo da mesma maneira que localidades vizinhas.
A antiga casa do fisco estava localizada onde hoje está o final da Rua D. Pedro II onde pode-se chegar à Rua Miguel Aby Azar (Em frente ao Anfiteatro do complexo KKKK) por meio de uma grande escadaria.
Em comparação com as demais cidades do Vale do Ribeira, a história de Registro é bem recente. Durante séculos não passava de um inexpressivo povoado. Somente depois de passados muitos anos è que foi criado o distrito de Paz do Município de Iguape, pelo decreto – lei n.º 6665, de 17 de setembro de 1934. A demora dessa providência, segundo alguns historiadores – que já poderia ter sido tomada em época longínqua – teve como causa o temor que a ‘’casa do Fisco infundia nos canoeiros do rio Ribeira de Iguape.
Realmente, esse local não era muito simpático, principalmente aos faiscadores da região: o porto de Registro foi, mais tarde, estação obrigatória dos vapores que serviam a região. (LARAGNOIT, 1984).
Em suma, mesmo instalado num ponto estratégico às margens do Ribeira o povoado custou a se desenvolver. Conforme Oliveira (2002) a história do município começou a ser conhecida desde a instalação do porto de Registro de Ouro, onde era recolhido o dízimo cobrado por Portugal na margem direita do Rio Ribeira de Iguape.
1. Costumes Ribeirinhos e Caiçaras
Antes da imigração japonesa, Registro era um pequeno povoado às margens do rio Ribeira e conservava muitos costumes ribeirinhos, frutos da influência de indígenas, europeus e africanos, especialmente nas áreas rurais.
Costumes como o mutirão (ou puxirão), os fandangos e catiras, as comidas tradicionais feitas à base da mandioca como a coruja, os bolos de roda, o cuscuz e beijus faziam parte da rotina dos moradores das margens do rio Ribeira.
Vale salientar que o termo ribeirinho e caiçara são usados para classificar os moradores das regiões ribeirinhas e litorâneas, conforme atesta Queiroz (1983): Os habitantes da Baixada do Ribeira são classificados em: a) Caiçaras: são os caboclos do litoral; b) Ribeirinhos: os caboclos que vivem às margens dos rios; c) Capuavas: caboclos habitantes das serras.
O Rio Ribeira de Iguape tem seu início no estado do Paraná e deságua em São Paulo no complexo Estuarino-Lagunar de Iguape/Cananéia, e a sua importância na história dos municípios situados às suas Margens, particularmente de Registro é incontestável.
A respeito das canoas destaca Laragnoit (1984) As canoas eram uma característica do Vale do Ribeira. Em todos os municípios da região os comerciantes, sitiantes, fazendeiros e criadores possuíam suas indispensáveis embarcações, que prestavam valentes serviços. Os nossos rios viviam cheios delas, de todos os tamanhos. Movidas a remo, a varejão ou a motor, eram empregadas no transporte de mercadorias e também de pessoas, tendo desempenhado relevante papel no desenvolvimento desta vasta zona
Que os primeiros colonos japoneses estabeleceram-se em Registro em uma área de terras devolutas a chamada ‘colônia do Registro’, cultivando arroz e mais tarde banana e chá.No entanto surgem alguns proprietários japoneses que conseguem prosperar sobrevivendo à crise econômica conforme relatam Mirabelli e Vieira (1992).
Ao lado do caipira da região e do latifundiário surge a figura do pequeno proprietário japonês, que gradativamente adquire as propriedades dos caipiras endividados, passando a empregá-los como assalariados, diaristas ou meeiros. Esses imigrantes tornam-se assim, produtores de médio porte e alguns conseguem sobreviver à situação de crise econômica que se instala na região.
O período em que ocorreu a 2º guerra mundial foi de muitas dificuldades para os japoneses, escolas japonesas foram fechadas, alguns professores presos e muitos nipônicos foram perseguidos. Os ribeirinhos não entendiam os seus costumes como reverenciar os mortos, as cerimônias religiosas e os hábitos alimentares.
Por muitos anos Registro recebeu o nome de “Capital do chá”, título esse complementado pelo “Capital do Vale do Ribeira” por ter se tornado um Pólo Regional, em grande parte devido à colaboração e o trabalho da comunidade nipônica. Este título permaneceu até a década de 90 com a grave crise que assolou a Teicultura no município.
2. A Igreja matriz / CENTRO VELHO
O assentamento da pedra fundamental para a construção da futura igreja matriz (hoje catedral) no dia 19 de julho de 1925, na festa de Santo Elias.
A Colônia japonesa contribuiu grandemente pela construção da igreja e a sua inauguração aconteceu em 11 de maio de 1933. Em virtude da influência japonesa o padroeiro de Registro é São Francisco Xavier, jesuíta espanhol que a partir de 1542 evangelizou grande parte da Ásia (Índia, Malásia e Japão), convertendo boa parte da população da Ásia e foi a canonização em 1622.
Apesar dos imigrantes serem de outras religiões que não a cristã, a construção da igreja matriz evidencia o envolvimento e a adaptação dos mesmos à sociedade e cultura local. Ao mesmo tempo em que a cultura nipônica está arraigada em nossa população eles também foram influenciados pelos ribeirinhos.
Em 1912 o governo do Estado de São Paulo, representado pelo então governador Albuquerque Lins, e o sindicato de Tóquio firmaram um convênio para ampliar a colonização japonesa e autorizar o funcionamento de uma companhia de beneficiamento e estocagem de arroz na Vila de Registro. O Estado doava com essa parceria 50 mil hectares de terra para serem distribuídos entre 2 mil famílias japonesas para o cultivo agrícola.
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Autor: Pastor Murback